Terça-feira, 10.05.11

Falar da morte à criança faz parte da vida (Crescer conVida a superar as perdas)

 
      


Por Rita Jonet, psicóloga no colégio O Nosso Jardim e Professora na ESEI Maria Ulrich

“Aprender a aceitar a morte é uma das lições mais importantes que uma criança tem de aprender na vida”, começo por citar Brenda Mallon e aconselho o seu livro revelador: “Ajudar as crianças a ultrapassar as perdas, estratégias de Renovação e Crescimento”.

Preocupo-me com o facto de muitos pais e Educadores tenderem a ignorar este tema. Tenho acompanhado centenas de crianças e constato uma enorme resistência a encarar a morte e os sentimentos de perda. O assunto geralmente é tabu, o recalcamento impera o que gera insegurança e angústia. Esta resistência baseia-se na dificuldade crescente das crianças em lidarem com qualquer frustração, sendo a morte a pior de todas.
Os pais têm tendência a superproteger, a facilitar em demasia a vida dos filhos pois sentem-se culpabilizados pela pouca disponibilidade que têm e porque vêem o mundo cheio de dificuldades. Acreditam na necessidade de os proteger do desgosto, pensam ser a melhor forma de educar. Segundo Brazelton (pediatra de referência) “não podemos nem devemos proteger os nossos filhos de uma identificação profunda e afectuosa com aqueles que sofrem uma grande perda, nem podemos evitar o seu próprio desgosto. Este constitui uma parte vital e inevitável da vida. Sentir saudades de alguém que desapareceu, temporária ou permanentemente, permite à criança aumentar a sua capacidade de se preocupar com os outros.”
Antigamente as crianças assistiam e participavam nos rituais e tradições ligados à morte. Por vezes presenciavam situações chocantes e ninguém questionava até que ponto as poderiam traumatizar. Desde que se começou a estudar o desenvolvimento psicológico da criança, aumentou a consciência de a preservar de situações que não é capaz de compreender e que lhe podem causar sequelas. Esta consciencialização tem tido como consequência uma atitude radicalmente oposta: a morte faz parte das palavras não ditas, dos tabus.
As crianças estão cada vez mais à margem, sendo excluídas desta experiência para que não sofram. Este evitamento é tanto maior quanto mais os adultos têm dificuldade em encarar a morte.
Deste modo cria-se uma situação irreal: não se fala nem se vive a morte como fazendo parte da vida!
Evita-se a todo o custo este assunto, chegando-se ao ponto de nada dizer à criança mesmo quando morre uma pessoa próxima. Tenta-se ignorar ou, então, perante as suas questões insistentes, diz-se que essa pessoa foi para longe, viajou, desapareceu, ou outras respostas igualmente evasivas. Assim se vai adiando o problema.
Brazelton assegura: “para a criança é melhor compreender a morte através do próprio desgosto dos pais do que sentir o afastamento deles sem entender a razão para isso. Para uma criança a noção de morte é muito diferente da de um adulto. Tem tendência a equipará-la com a sensação de ficar sozinha ou abandonada. Se os pais se alhearem sem compartilharem a experiência por que estão a passar, isto confirmará os piores receios da criança.”

É essencial a criança encarar a morte como fazendo parte da vida!
Deverá ser preservada de cenas ou ritos chocantes, que excedam a sua capacidade de compreensão, mas é sempre mais saudável e natural quando a criança vive, em família, o desgosto e o luto participando nos tradicionais rituais de despedida. Assim, aprende a lidar com a tristeza, descobre o sentido de chorar em família, a força da união e o consolo subjacente (as lágrimas ajudam a ultrapassar, a sarar, são catárticas). A criança vive a perda amparada afectivamente e na altura própria em vez de ser posta à margem ficando numa situação indefinida que só causa maior confusão, medo, instabilidade e angústia. Desta forma poderá fazer o luto - depois da fase aguda, do choque e da desorganização será possível a renovação.
A superação da perda depende, também, da experiência de que é aceitável expressar sentimentos - quanto melhor os pais exteriorizarem e verbalizarem as suas emoções maior capacidade os filhos terão. Os educadores são modelos muito poderosos de expressão emocional
Entre os três e os seis anos a criança tem, com frequência, tendência para se sentir culpada da morte de algum ente querido. Para Brazelton “a criança precisa de ouvir repetidamente que o facto de ser “mau” não traz retaliações, e que os maus pensamentos não fazem com que as pessoas morram.” A morte é a negação da vida e, como tal, será sempre difícil de aceitar. A reacção mais primária é evitar encará-la. No entanto, esta fuga não é construtiva - só aprendemos a lidar com a morte se a conseguirmos enfrentar, se formos aprendendo que ela é tão natural como a vida.
Sentir os desgostos alheios e, nessa altura, ser solidário é, de algum modo, uma forma de preparação para as suas próprias perdas. Mas a preparação começa muito antes, com a aprendizagem das “pequenas mortes” que acontecem ao longo da vida: as flores; as borboletas; os animais de estimação; as pessoas distantes, que partem para longe e deixam saudades; o adiamento da gratificação ou sempre que somos capazes de prescindir de algo e nos superamos. Todas estas experiências e muitas outras podem fortalecer pois o sofrimento também faz parte da verdade da nossa vida. Outra forma de preparação é a temática de numerosos filmes e livros para a infância onde a morte, a perda e o abandono surgem como assuntos centrais. Não é por acaso que a oferta é imensa - este tema vai ao encontro das questões mais profundas da criança. Aqui ficam alguns exemplos de filmes e de livros: O Rei Leão; Peter Pan; Bambi; A Bela Adormecida; Branca de Neve; Babar; Nemo; A Idade do Gelo; etc. É importante estar com a criança e ajudá-la a gerir as emoções ao identificar-se com os personagens.
Concluindo… Se as crianças viverem em família, bem amparadas, o drama de perderem algum ente querido e sentirem que, apesar do sofrimento vivido (tristeza, saudade, zanga, maior ou menor aceitação) a vida continua, então aprendem uma lição essencial: a morte faz parte da vida!
“A maturidade e o crescimento passam pela aceitação de que as lições de vida nem sempre são fáceis de aprender.” Brenda Mallon

Estratégias a seguir
Aqui ficam algumas estratégias para a renovação e crescimento propostas por Brenda Mallon: Informações claras - dependentes da maturidade, sensibilidade e proximidade; Rituais de passagem – funeral, missa; Caixa de recordações; Escuta activa – ouvir incondicionalmente; Protecção – amor, apoio, segurança; Respeito; Desenvolver a auto-confiança – a criança que é valorizada aprende a valorizar-se.

Evolução
A forma como a criança encara a morte vai evoluindo com o desenvolvimento:
Dos 3 aos 5 anos. Pensamento Mágico (Egocêntrico) – morte = sono = longa viagem – implica um acordar ou regressar.
Por volta dos 5 anos. Intensifica-se o medo da morte - ansiedade de separação.
Dos 6 aos 10 anos. Crianças intrigadas com a morte – a morte é real mas evitam imaginar que as pode tocar.
http://www.coisasdecrianca.com/artigos/detalhe.php?idArtigo=128
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Terça-feira, 03.05.11

Como ajudar a entender as diferenças


Por Michael Almeida, Psicólogo

Para as famílias que decidam adoptar uma ou mais crianças, existem formas de ajudá-las a fazer uma transição emocional de ser uma “criança institucionalizada” para ser um “filho ou filha” de pais específicos

Enquanto os pais adoptivos podem apreciar a diferença do papel da criança dentro do seu seio familiar, as crianças podem não compreender claramente a diferença entre ser uma criança com cuidados adoptivos (numa instituição), contra ser uma criança adoptada.

Existem formas específicas que as famílias podem fazer para ajudar a criança a entender essas dife-renças, nomeadamente falar com a criança sobre as mudanças vivenciais e ajudá-la a inserir-se num novo contexto social. Ao preparar as conversas relativas às mudanças vivenciais que ocorrem, os pais e outros adultos que estejam relacionados com o processo de adopção devem lembrar-se sempre de inserir a criança neste processo e escutar cuidadosamente as palavras que ela usa e as perguntas que faz. Perguntas relacionadas com a família biológica e a sua origem podem ser dirigidas. É importante dizer sempre a verdade (mesmo se for doloroso) e valorizar a experiência e os sentimentos da criança.

Enquanto estas conversas podem criar sentimentos dolorosos à criança e aos pais que a amam, ao ajudá-la a enfrentar o sentimento de perda que teve está a promover-se, por outro lado, uma sensação de permanência na sua família de adopção. As conversas entre os pais e a criança sobre estes assuntos terão provavelmente de ser repetidas várias vezes e de várias formas, de modo a que ela entenda perfeitamente a diferença de agora ter uma FAMÍLIA. É recomendado que estas conversas se realizem no decorrer de outras conversas e aplicadas em actividades de conjunto.

Ao falar com a criança sobre a diferenciação percepcionada por ela pelas suas próprias palavras, os pais devem fazer perguntas abertas do tipo “O que pensas sobre o facto de seres adoptado é diferente sobre estares em cuidado adoptivo numa instituição?” ou “Qual será a maior diferença agora que és adoptado?”.
Existem, também, alguns passos que se devem realizar no processo de integração da criança numa nova família, numa nova vida, com novas pessoas e em novos grupos…

Os pais/educadores devem criar uma reconstrução exacta da história da criança, numa forma material, como por exemplo, utilizando uma técnica de artes decorativas como o Scrapbooking. Sob a forma de um livro, com mapas, fotos ou imagens, palavras da criança, desenhos, entre outros, com o decorrer do tempo, ajuda-a a ver e a entender a sua própria história. Mas, muito mais importante que isso, é ela saber que tem uma história de vida como todas as outras crianças.

Os pais/educadores devem também ajudar a criança a identificar figuras vinculativas/ídolos/ícones da sua vida. Os pais/educadores devem ser capazes de aprender e valorizar a importância destas figuras para a criança, escutando-a e respeitando o seu discurso e as suas emoções. Estas figuras podem ser parentes, outras crianças, animais, personagens da TV, actores, cantores, entre outros. No caso de serem parentes ou familiares deve-se, sempre que possível, incluí-los na vida da criança, ganhando confiança e cooperação com os mesmos. Como estão vinculados com ela, esta não sabe lidar com perdas constantes se os pais não permitirem o contacto ocasional.

Numa fase de transição é importante que os pais e educadores tenham em mente que o processo é complicado e demorado. Há que inserir a criança num novo contexto familiar, escutá-la, ser sempre verdadeiro para ela, validar a sua história de vida, criar um espaço seguro para a mesma, criar a percepção que nunca é tarde de mais para voltar atrás no tempo para construir o futuro, não esquecendo de abraçar a dor como parte deste processo.
A adopção é um tema vasto e com inúmeras problemáticas e situações que as pessoas gostariam de ver resolvidas. Superficialmente pode parecer fácil para uma criança ficar numa família, a verdade é que o processo interno da criança e da família é muito mais complicado.

Educar a criança a saber quem ela é!
No entanto, são muitas as crianças que estão à espera de serem adoptadas e outras tantas que nunca sabem que foram adoptadas, já que eram bebés ou recém-nascidos. A maior procura incide nesta faixa etária para evitar constrangimentos e dor para a criança no decorrer do seu desenvolvimento. No entanto, é consensualmente aceite que a verdade, mais tarde ou mais cedo é descoberta e o sentimento de perda e dor é muito maior e problemático, do que educar a criança a saber quem ela é… Que é um SER, que tem uma FAMÍLIA, que tem quem a AME de verdade e mais importante: que é uma CRIANÇA como outra qualquer.

http://www.coisasdecrianca.com/artigos/detalhe.php?idArtigo=174

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Terça-feira, 26.04.11

Os livros e a criança


Por Palmira Simões

Devem ler-se histórias aos bebés logo que nascem e facultar-lhes livros para a mão o mais cedo possível. Desse contacto, importantíssimo para o seu desenvolvimento, nascerá uma relação para a vida

O livro em idades precoces tem uma grande importância na vida da criança. “Antes de ser um livro começa por ser um objecto de transição de afecto. Quanto mais pequena for a criança, mais o livro é um objecto, que tem uma característica particular de permitir a mediação de afecto entre a criança e o adulto e também entre a criança e o mundo”, explica Dora Batalim, professora de Literatura Infantil na Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich.

Os primeiros livros – geralmente de conceitos, de objectos e acções do quotidiano da criança - são uma espécie de ponte para que ela entre no mundo. No entanto, na opinião desta especialista, é fundamental que haja a mediação do adulto para que este active o conteúdo que um livro encerra, de modo a não ser visto como um mero brinquedo. “É, pois, um objecto que permite uma partilha muito grande no relacionamento entre a criança e o adulto, que pode servir de ponto de partida para grandes conversas entre ambos e estabelecer um relação para além do livro mas a partir do mesmo”, reforça.

Depois vêm as histórias, as narrativas, a ficção, que se revelam igualmente preponderantes para o desenvolvimento dos mais pequenos, mesmo enquanto bebés. É nas idades precoces, mesmo antes de se saber ler, que se ganha o gosto pela leitura, e a maior motivação possível para que isto seja uma realidade é oferecer livros à criança, acompanhá-la na sua “leitura”, deixar que os folheie, que perceba a diferença entre as letras e as imagens, que comece a associar os sons, etc. “Se a criança tiver tido livros que lhe deram prazer escutar ao serem lidos por um adulto vai com certeza ter vontade de aprender a ler e a gostar de ler sozinha os livros que mais lhe agradam”, desenvolve Dora Batalim.

A questão da imagem

A linguagem preferencial para uma criança antes da aprendizagem formal da leitura na escola tem que ver com a ilustração e com aquilo que a criança lê nas imagens. Os livros para crianças têm dois veículos de leitura: um texto verbal, das letras, e o outro visual. A criança não é apenas receptora daquilo que o adulto lhe lê a partir do texto verbal; ela está em sintonia com as imagens, das quais descodifica informação.

No entanto, esta especialista defende que devem ser contadas às crianças muitas histórias sem qualquer livro. Fazer um pouco como no tempo dos nossos antepassados, que sentavam a criança no colo na “hora do conto”. Isto ajuda a criança a criar internamente as suas próprias imagens em relação ao que está a ouvir.

Como escolher um livro

A professora Dora Batalim aconselha, para as idades mais precoces, os seguintes cuidados na hora de escolher um livro. No entanto, ressalva que é importante o adulto gostar de ler, e de preferência que conheça bem a literatura infantil, lembrando que esta também dá prazer ao adulto. Se assim não for, certamente não será prazenteira para a criança.

- É necessário ter tempo para fazer essa escolha, para folhear o livro e perceber como ele funciona; é preferível que esta tarefa seja feita em conjunto com a criança. Há que deixar que ela o manuseie, deixando-a optar por aquele que mais lhe agradar. É meio caminho andado para que se afeiçoe ao livro.

- Livros com uma estrutura mais complexa em termos linguísticos devem ter uma história simples. Mas deve-se ter em atenção a linguagem (é fundamental que tenha palavras novas para aumentar o vocabulário da criança) e o ritmo da mesma. Não se pode perder de vista que é para ser lido em voz alta.

- Para bebés, quanto mais parecidos forem com os livros reais melhor, pelo que devem evitar-se os que se assemelham a um brinquedo. Devem ser-lhes dados para as mãos livros de conceitos, com imagens muito contrastadas e claras.

- Nunca deixar de ler aos pequeninos rimas, lengalengas e contos tradicionais. Mesmo a bebés.

- Do ponto de vista da literatura, há que procurar histórias bem construídas, no sentido da descoberta, sejam elas de índole poética ou narrativa. O importante é que essa história alargue o mundo imaginativo da criança.

- Optar por livros que tenham boas ilustrações. Durante a primeira infância estas são o veículo linguístico das crianças.

- Recorrer a bibliotecas não só como um lugar para ir mas também como um lugar de conselho.

Uma ajuda da Internet: consulte estes sites

Livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura para jardim-de-infância destinados a ler em voz alta /contar/trabalhar na sala de aula:
www.planonacionaldeleitura.gov.pt/upload/obras_recomendadas/obrasrecomendadas_preescolar.pdf (para download)

Livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura para jardim-de-infância destinados a leitura com apoio do professor ou dos pais:

www.planonacionaldeleitura.gov.pt/upload/obras_recomendadas/or_fam_preescolar.pdf (para download)

Para outras informações, orientações, notícias, etc.:
www.planonacionaldeleitura.gov.pt/

Recomendações de livros e respectivas sinopses, num site com a chancela Fundação Calouste Gulbenkian:
www.casadaleitura.org/

Direcção-geral do Livro e das Bibliotecas
www.dglb.pt/pls/diplb/!main_page?levelid=1


http://www.coisasdecrianca.com/artigos/detalhe.php?idArtigo=177

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Terça-feira, 19.04.11

Os novos pais


Por Palmira Simões

 

Mudam fraldas, dão o biberão e o banho, brincam cada vez mais com os filhos, estão atentos à sua educação e cuidam deles quando estão doentes. Em caso de divórcio reclamam a guarda conjunta ou até mesmo o poder paternal total porque – dizem – têm tanto direito como as mães e recusam-se a ser pais apenas de 15 em 15 dias

Este é, pois, o retrato da maioria dos pais da actualidade, que em nada se assemelha à austeridade e distância que fazia parte da relação pai-filho de antigamente. Esta “aproximação” não é recente mas tem vindo a ser feita paulatinamente e já se reflecte mesmo em caso de divórcio do casal. Segundo o Censos de 2001, do universo de crianças a viverem ou com o pai ou com a mãe (132 mil), cerca de 1500 vivia exclusivamente com o seu progenitor mas entre os restantes casos alguns repartiam o poder paternal equitativamente. Os números são ainda “tímidos” mas já começam a soprar ventos de mudança.
O homem de hoje está diferente. Tem uma mentalidade mais aberta e inovadora que escapa ao estereótipo machista que dominava há umas décadas. Mostra-se mais atento ao que acontece à sua volta, nomeadamente no seio da família, e está a par das mudanças sociais sem se importar com a sua imagem e sem sair com a sua masculinidade ferida: mudar fraldas, dar o biberão ou brincar com os filhos de igual para igual está definitivamente in. Muitos – confessam eles – até dão continuidade à criança que ainda têm dentro de si. Por outro lado, e embora a carreira seja importante para estes homens, a partir do momento em que os filhos nascem lutam pelos seus direitos e gozam as licenças de paternidade e ficam em casa quando os mais pequenos estão doentes. Afinal, a maioria das mães também trabalha e um dos dois teria de faltar ao trabalho. Se dantes a regra era a mãe faltar, hoje já não é tanto assim.

AS CAUSAS
Não se resumem apenas a uma questão de mentalidade. Desde a emancipação feminina no geral e em particular a partir do 25 de Abril em Portugal que a mulher tem vindo a desempenhar um papel cada vez mais activo na sociedade e no mercado de trabalho, o que de certa forma determinou igualmente que o outro membro do casal começasse a participar mais na vida doméstica, desde as tarefas ao cuidado dos filhos. A estrutura da família tradicional começou portanto a alterar-se: o pai deixou de ser o principal provedor da economia do lar (enquanto a mãe cumpria as suas funções de dona de casa), para se passarem a repartir horários e responsabilidades. Apesar da mudança, ainda falta muito para se atingir o ponto de equilíbrio. Alguns estudos internacionais evidenciam que as mães dedicam aos filhos, em exclusivo e em média, cerca de 25 horas semanais, contra pouco mais de 12 horas da parte dos pais.
Em alguns países, nomeadamente na vizinha Espanha, a dificuldade cada vez maior de conciliar casamento/filhos/profissão está a afectar um número crescente de casais que procuram uma saída para esta situação stressante. Uma das mais comuns é que um deles deixe de trabalhar para se dedicar à organização da casa e à melhoria da qualidade do tempo que se está com os filhos. Regra geral, fica o que ganha menos, podendo ser o homem. Esta nova tendência tem contudo um reverso da medalha. Uma investigação levada a cabo por um sociólogo americano revelou que 66 por cento dos pais que optam por ficar em casa se sentem um pouco isolados, em comparação com as mães na mesma situação, em que apenas 37,5 por cento referiu sentir o peso da solidão. Neste estudo eles queixavam-se ainda de falta de tempo livre, de monotonia, e estavam preocupados com o regresso às suas carreiras profissionais. Mesmo assim, esta análise sociológica mostrou de igual modo que metade dos pais declarava estar “muito satisfeitos” com as suas novas funções. Nunca há bela sem senão...

A ajuda da Internet

Não há dúvida de que este meio de comunicação de massa veio revolucionar a nossa vida. Perdoam-se os contras a favor dos seus prós. Actualmente são muitas as profissões que podem exercer a sua actividade a partir de casa, com poucas ou nenhumas necessidades de deslocação às sedes das empresas, o que permite a muitos pais com filhos pequenos optarem por ficar em casa (a tempo parcial ou total) sem terem de deixar para trás as suas carreiras e consequente perda de remunerações. Muitas empresas hoje em dia até fomentam esta possibilidade, que pode ser benéfica para todos.

 

http://www.coisasdecrianca.com/artigos/detalhe.php?idArtigo=186

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