A importância do Amor na Primeira Infância

 

Por Thais Delboni, psicóloga e terapeuta floral

A experiência tem demonstrado que o amor é capaz de operar verdadeiros milagres. Os relacionamentos afectivos saudáveis são comprovadamente o “remédio” mais eficaz para o bem-estar físico, mental e emocional de todos os seres humanos, independentemente da idade que as pessoas tenham

É na chamada Primeira Infância – a qual compreende as idades entre o nascimento e os 6 anos de idade – que um bom relacionamento afectivo é fundamental, pois é neste período das nossas vidas que estruturamos o que serão os alicerces da nossa personalidade. Assim, o afecto recebido e trocado ajudar-nos-á a consolidar sentimentos como o amor, a segurança emocional, a compaixão, a amizade, e valores como a solidariedade, a lealdade, etc., “aprendendo” deste modo a ser pessoas mais tranquilas, serenas e felizes.
Um bom exemplo são os bebés prematuros que são deixados em incubadoras, mas sem a presença da mãe. Essas crianças não crescem como deveriam e por vezes até demoram a receber alta devido a vários problemas de saúde que não conseguem superar. Por isso, cada vez mais hospitais requerem a presença dos pais durante várias horas por dia junto dos seus bebés, já que esta é a melhor forma de os estimular afectivamente, ajudando-os, assim, a superar essa difícil fase das suas vidas.
Quando lidamos com crianças é importantíssimo que o façamos com amor. Esses pequenos seres são bastante sensíveis e capazes de perceber quando não os estimamos, ressentindo-se com isso e reagindo muitas vezes de formas agressivas e/ou mal-educadas. Um carinho, um beijo, são bem mais eficazes do que horas de “guerra”.

Como resultam os mimos em cada fase
Sem esquecer que os ganhos são cumulativos:

0 a 1 ano: fazem com que a criança se sinta segura, aconchegada e desejada pela família. Ajudam na alimentação e no sono.

1 a 2 anos: ensinam a importância do toque, carinho e respeito nos relacionamentos.
São fundamentais na hora dos primeiros passos e primeiros tombos.

2 a 3 anos: estimulam a expressão alegre e confiante junto aos outros.

3 a 4 anos: facilitam a integração social e o estabelecimento das primeiras amizades.

4 a 5 anos: estimulam a autoconfiança e o amor-próprio.

5 a 6 anos: propiciam uma melhor compreensão sobre os conceitos de solidariedade e compaixão.

Dar amor não tem limites.
O afecto é sempre bem-vindo, tanto para os miúdos como para os graúdos. Estudos recentes concluem que colo e mimos só fazem bem na formação do carácter e da personalidade. O carinho é importante para que desde cedo possamos perceber que não estamos sozinhos e, deste modo, “desligar” a resposta crónica ao stress. Quando aprendemos isso na infância, continuamos a beneficiar da acção anti-stressante dos mimos também na vida adulta.

Crianças acariciadas são menos stressadas e ansiosas. Mas, atenção! Não confunda mimos com o acto contínuo de dar presentes e outros bens materiais. Infelizmente, adultos com dificuldades para expressarem seu afecto através de palavras e gestos tendem a compensar essa limitação, satisfazendo todos os desejos (e não necessidades) materiais dos filhos. Isso não é amor… E a prova é que estas crianças não dão a coisa alguma o seu real valor, tornando-se, em geral, adultos materialistas e consumistas.
Outro aspecto importante é lembrar que colo e mimos não significam ausência de limites… Pode perfeitamente encher-se uma criança de beijos e afagos e dizer-lhe “não” nas situações em que seja necessário. Isso também é amor! Ensinar que a vida nem sempre nos dá tudo o que desejamos e preparar a criança para as inevitáveis frustrações da vida é uma das mais difíceis e incompreendidas formas de amor... Mas é fundamental para o crescimento de pessoas emocionalmente saudáveis!

Quando falta o carinho… atenção aos sinais!
Entretanto, quando falta o carinho e a atenção, as consequências podem ser muito prejudiciais às crianças. Sintomas como inapetência ou fome exagerada, medo do escuro, de dormir sozinho, dores de cabeça ou de barriga, agressividade, choros inexplicáveis, brigas na escola, ansiedade, são alguns exemplos típicos da carência afectiva. Se a criança não consegue exprimir as suas necessidades afectivas, passa a fazê-lo pela negativa, isto é, chama a atenção da família e dos educadores pelo comportamento inadequado ou pela doença física. Nesses casos, nada melhor do que conversar e procurar descobrir o que está a fazer falta a esse pequeno ser. Caso ele ainda não seja capaz de uma conversa, beijos e abraços nunca são de mais…

O que não deve fazer
- Dar presentes por bom comportamento (comportar-se bem é o mínimo que se espera de alguém que vive em sociedade);
- Exigir que a criança beije ou abrace alguém de quem ela não gosta (todos temos as nossas simpatias e antipatias; as crianças também… Respeite-as!);
- Dar mimos sem vontade (a criança é um ser muito sensível e percebe na hora qual é o seu estado de espírito… Portanto, não a engane, não é justo! Dê apenas o que está, de facto, a sentir).

Ria! Sorria!
Esta é uma das melhores formas de se estar junto de alguém. Além disso torna os relacionamentos mais divertidos e leves, e faz com que as pessoas estejam sempre bem-humoradas e disponíveis. Segundo o psicólogo Paul Ekman, especialista e pioneiro no estudo das emoções, adoptar a expressão facial de uma emoção basta para produzir no corpo as alterações fisico-emocionais a ela associadas. Ver alguém sorrir também proporciona um efeito idêntico, pois activa as mesmas áreas do cérebro que são estimuladas quando nós próprios sorrimos.

Nas famílias monoparentais
Quem fica com a criança tende a exagerar no amor a dar para compensar a ausência do outro. Mas não é a quantidade de tempo dispensada o que mais importa nas relações afectivas, mas sim a qualidade, a veracidade da relação, a transparência das intenções e, principalmente, a capacidade de perceber esse pequenino ser, respeitando as suas necessidades e a sua forma de ser.
Se a convivência com o filho/a não é prioritária na vida de um dos pais, é melhor não exigir a sua presença e atenção, pois visitas forçadas e apenas de “corpo presente”, em vez de contribuírem para a saúde emocional da criança servem apenas para aumentar os seus sentimentos de baixa auto-estima e rejeição. Mesmo tendo pouco tempo é possível dar-lhes o amor de que necessitam: com alma, coração e razão.

http://coisasdecrianca.com/#

publicado por salinhadossonhos às 06:22 link do post | comentar | favorito