Ter medo na infância
Texto: Filomena Santos Silva, Psicóloga
É uma situação absolutamente normal em qualquer criança de idade pré-escolar. O que fazer para o enfrentar?
Existem medos reais que são importantes para a sobrevivência da criança (medo das alturas, medo de animais selvagens, de ladrões, etc.), e que devem ser encarados com naturalidade pois são medos protectores e que levam ao evitamento dos estímulos que os desencadeiam.
Mas a grande maioria dos medos infantis relaciona-se com situações que a criança não controla e que causam insegurança, tal como o medo do escuro, dos pesadelos, de ser abandonada, de ir ao dentista, pequenos animais, etc.
Um dos mais frequentes é o medo do escuro: a criança até aos 6 anos de idade tem um jogo simbólico intenso, onde a fronteira entre a realidade e a fantasia nem sempre é clara… neste contexto, os monstros surgidos nos sonhos, os barulhos no escuro ou as sombras do quarto transformam-se facilmente em ameaças terríveis e angustiantes.
Brinque com ela ao “quarto escuro” e faça “explorações nocturnas” por toda a casa com a ajuda de uma lanterna, mostrando como a casa é segura e ajudando assim a criança a enfrentar os seus medos. É desejável tornar as situações previsíveis, para que a criança possa controlar a ansiedade despoletada por situações novas: se ela vai a uma consulta médica ou ao dentista explique-lhe o que vai acontecer, contando sempre a verdade; não omita a existência de dor, antes explique-lhe que vai passar depressa e reforce o bom comportamento com algo positivo para a criança (por exemplo: “Vais ser um crescido na vacina e a seguir vamos lanchar ao café”).
Com o crescimento os medos vão diminuindo de intensidade, à medida que a criança adquire um maior autocontrolo. O papel dos pais e educadores é ajudar a criança a ultrapassá-los, promovendo a confrontação progressiva com os objectos fóbicos (ou seja, causadores do medo).