A edição do dia 9 de Dezembro de 2009 do Correio da Manhã, no seu suplemento Domingo, foca a euforia que as crianças sentem nesta época natalícia, quando
e os pais sentem imensas dificuldades em conseguir travar os desejos e exigências dos mais novos.
"Por vezes não é fácil fugir aos ímpetos consumistas. Mas é possivel fazê-lo deixando as crianças felizes. Siga alguns dos conselhos:
O mundo das outras crianças - quando eles dizem "só me deste um presente" ou pedem muitos presentes, diga que há muitos meninos que não recebem presentes nem sabem o que é um carrinho ou uma boneca. É importante mostrar que há meninos com vidas muito diferentes.
Importância do dinheiro - explique que o dinheiro não pode ser todo gasto em presentes, porque os pais também precisam do dinheiro para comprar comida e para eles andarem na escola, se vestirem e calçarem.
Tempo de espera - é importante não dar resposta imediata a todos os desejos das crianças. Elas, muitas vezes, pedem coisas só por pedir e, por isso, é importante esperarem para que se perceba se é mesmo isso que querem.
Contexto global - Os pais devem passar a ideia de que não estamos sozinhos no Mundo e que estamos inseridos num contexto social: há desemprego, pobreza.
Diga "não" - saiba dizer "não" quando é necessário e explique porquê. Mas faça sempre valer a sua decisão.
Repartir - Os pais devem pedir às crianças que escolham um brinquedo de entre os presentes que receberam (ou dos que já não usam) para dar às crianças desfavorecidas. Implicar prescindir de algo, e isso vai fazê-los pensar no acto.
Educação financeira - é importante que desde cedo os pais eduquem financeiramente os filhos, explicando a necessidade de gestão e de poupança.
Auto-estima elevada - se os pais tiverem suficiente auto-estima e afecto não precisarão de recorrer ao consumo como compensação.
Premiar pela ausência - os pais não devem usar o consumo como prémio ou como substituto da sua ausência.
Actividades gratuitas - como alternativa ao consumo, os pais devem cultivar e estimular nos filhos interesses e actividades gratuitas (por exemplo a leitura).
Uma só prenda - os pais dem dar apenas um presente, os avós outro e os tios outro. As crianças sabem assim quem deu e valorizam a prenda.
Organização financeira - o ideal é fazer uma lista de compras, para evitar o impulso da compra no local."
Sofia Nunes da Silva, Psicóloga Clínica da Unidade de Saúde Mental Infantil e Juvenil do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, alerta:
"É importante que os filhos cresçam com a noção das dificuldades. Uma criança que cresce a achar que pode ter sempre tudo o que quer cresce sem limites e com uma sensação de omnipotência. E quando uma criança não tem limites também se sente insegura noutras situações, naquelas que o dinheiro não compra. Cresce sem resistência à frustração.(...) É importante que a magia da época de Natal não se resuma à quantidade de presentes mas à partilha entre a família e ao encontro entre todos."