Terça-feira, 12.04.11

Flúor: amigo ou inimigo?

 

 

 

Por Helga Leite, especialista em Odontopediatria e Ortodontia (Clínica São Pedro da Malveira)

Este é o assunto que mais dúvidas suscita aos adultos que acompanham as crianças à consulta...

A quantidade de informação antagónica e pouco esclarecedora que veiculam nos media, associada a textos desactualizados divulgados em alguns blogues e edições antigas de livros que não foram revistas, merecem a confusão dos pais mais atentos.
A cárie dentária é uma doença infecciosa e transmissível caracterizada pela perda de estrutura mineral do dente (desmineralização). No seu estádio inicial apresenta-se como uma mancha branca e numa fase mais avançada apresenta-se cavitada, podendo ou não ser dolorosa. É a combinação de quadro factores que desencadeiam a cárie:
– Criança e dentes susceptíveis.
– Microrganismos presentes no biofilme dentário (a maior parte das cáries são produzidas por bactérias pertencentes ao grupo Streptococcus mutans; a colonização da boca do bebé por estas bactérias ocorre com a erupção dos dentes de leite e quanto mais precoce for essa colonização, maior será a probabilidade dessa criança desenvolver cáries. A principal fonte de transmissão de S. mutans é o adulto que passa mais tempo com o bebé e o veículo de transmissão é a saliva do adulto).
– Dieta cariogénica (a maior frequência de ingestão de açúcares está associada a maior probabilidade de desenvolver cáries).
– Tempo (o desenvolvimento da cárie é um processo lento, necessitando por isso que os três factores acima indicados se combinem pelo tempo necessário).
Resumidamente, poderemos afirmar que os factores microrganismos, dieta e tempo poderão ser controlados com mudanças de comportamento e cuidados de higiene oral adequados (escovagem pelo menos duas vezes por dia). É no factor hospedeiro (criança/dente) que reside a acção do flúor.

O papel da saliva
O dente é constituído por quatro estruturas de composição distinta: esmalte e dentina (coroa), cemento (raiz) e polpa (nervo) que se encontra no interior do dente.
A constituição do esmalte é maioritariamente inorgânica e os seus minerais em geral, encontram-se em equilíbrio com a saliva. As trocas entre o esmalte e a saliva são constantes e dependentes do valor de pH da saliva (determinado pelo grau de acidez da saliva).
Na presença de açúcar, as bactérias do biofilme aderente à coroa, produzem ácidos. A presença destes ácidos intensifica a desmineralização, ou seja perda de minerais para o meio bucal. Se esta situação se perpetuar por um período de tempo prolongado (consumo ininterrupto de alimentos açucarados), esta desmineralização poderá desencadear cárie. Caso a situação não perdure, a saliva volta a repor os minerais perdidos no esmalte dentário (remineralização).

Como actua o flúor
O flúor tem a capacidade de aumentar a resistência do dente ao processo de desmineralização, ou seja, não evita as cáries, simplesmente diminui a velocidade com que elas se formam. Além disso, é fundamental que a concentração de flúor na cavidade oral se mantenha constante, pelo recurso a pastas dentífricas fluoretadas, bochechos com flúor e aplicações tópicas no consultório. O recurso a gotas e comprimidos não é recomendado por dois motivos:
– A protecção que o flúor fornece ao dente só existe enquanto este está presente na cavidade oral.
– O risco de fluorose dentária (manchas inestéticas que podem variar do branco ao castanho em graus mais severos, resultantes da ingestão de excesso de flúor no período de formação dos dentes).
Como usar? O flúor deve ser indicado conforme a necessidade de cada criança e diferentes combinações podem ser aconselhadas pelo odontopediatra dependendo da idade da criança e do risco ou actividade de cárie. Em termos gerais podemos resumir as prescrições do seguinte modo:
– Crianças até aos dois anos: não usar pasta dentífrica; se têm cáries, o recurso ao flúor só pode ser decidido pelo odontopediatra
– Crianças 3-5 anos:
Sem cáries: pasta dentífrica com 250 a 500 ppm de flúor.
Com cáries: além da pasta dentífrica pode ser recomendada a aplicação tópica de flúor em gel ou verniz pelo odontopediatra
– Crianças com mais de cinco anos:
Sem cáries: pasta dentífrica com até 1100 ppm de flúor.
Com cáries: pasta dentífrica com 1100 ppm de flúor e bochechos de flúor; em alguns casos é aconselhável a aplicação tópica de flúor pelo odontopediatra; se a criança apresenta uma actividade de cárie bastante evidente, é aconselhável fazer parte de um programa intensivo de flúor em consultas periódicas no consultório.

Alguns cuidados para evitar a ingestão de flúor

– Não deixar as pastas de adulto ao alcance da criança.
– Ensinar a criança a cuspir a pasta.
– Aprender a escolher a pasta (ver “F” escrito na embalagem).
– Para crianças dos 3-5 anos usar uma quantidade de pasta equivalente ao limpar a tampa com as cerdas.
– Para crianças com mais de cinco anos usar uma quantidade de pasta equivalente a uma ervilha.
– Não escovar os dentes de estômago vazio, pois se a criança engolir, aumenta a absorção.

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Terça-feira, 15.03.11

Salvemos a reputação da sopa

 

 

Por Solange Burri, Especialista em Microbiologia, em Inovação e Segurança Alimentar (Baby Sol)

Reconhecida, entre as crianças, como uma obrigação, a sopa é um dos primeiros alimentos a ser introduzido na dieta infantil... e a ser rejeitado também! Saiba como pode inverter esta tendência…

Desde a mais tenra idade, a sopa representa um alimento de eleição quando se pretende implementar hábitos alimentares saudáveis. Contudo, o problema reside essencialmente em manter o seu consumo à medida que a criança cresce e se desenvolve, tornando-se também mais selectiva e capaz de criar conflitos que contribuam para a dificuldade, e até abandono, da sua ingestão.
Dotada de uma enorme capacidade para veicular água, fibra, vitaminas e sais minerais, a sopa transborda de facilidades para Pais e Educadores poderem incluir, na alimentação infantil, os legumes, sempre de difícil aceitação. Contudo, para que, a longo prazo, se mantenha o interesse infantil pela sopa, é importante trabalhar um conjunto de ideias que, no seu todo, e implementados de uma forma contínua, permitirão reconhecer o seu interesse no momento da refeição. Assim, se pretende promover o consumo da sopa pelas crianças a seu cargo, tenha em consideração as seguintes ideias:

IDEIA 1: a sopa não é, e nunca deve ser, um preparado culinário para reciclar legumes de toda a espécie. Esta é a ideia generalizada que pessoas responsáveis pela sua confecção inconscientemente promovem, motivadas pela imposição diária de salvar sobras de legumes que vão ficando no frigorífico. A longo prazo, a sopa torna-se um alimento desinteressante, de paladar sempre igual e aspecto esquisito. O consumidor infantil cansa-se… e resiste! Portanto, assegure que a sopa que oferece tem um sabor individualizado, atribuído a um único legume em particular. Para isso elabore uma base de sopa, nunca excedendo três legumes básicos (exemplo: batata, abóbora, cebola) e incorpore então um outro legume, em maior quantidade, este sim responsável pelo sabor principal. Este passo permitirá à criança
reconhecer rapidamente o sabor do legume principal, contribuindo assim para a sua aprendizagem sensorial, mas também irá contribuir para o seu constante interesse;

IDEIA 2:
a sopa não é, e nunca deve ser, um alimento substancial que assegure rapidamente a ingestão máxima de nutrientes. Embora nos primeiros meses de vida, esta ideia esteja próxima da realidade, a verdade é que, assim que a criança se integra na alimentação familiar, perde toda a credibilidade! Assim, para assegurar a máxima rentabilidade nutricional na dieta infantil deve, de facto, assegurar que a criança consome uma sopa ligeira, de consistência leve e em quantidade ajustada às suas necessidades energéticas, permitindo assim que fique ainda apetite para o prato principal e… para a fruta também.

IDEIA 3: a sopa não deve ser uma opção alimentar monótona! Este é talvez o principal aspecto que, ao longo do tempo, derruba a reputação deste alimento… sobretudo no lar, onde muitas vezes se confecciona sopa para oferecer dias a fio, rentabilizando assim o tempo despendido na sua confecção! Ora, mesmo que se trate de uma opção ligeira, e de consistência delicada, como convencer o exigente consumidor da sua ingestão… tão… tão repetitiva? Portanto, favoreça a confecção assídua de diferentes variedades de sopa, congele em doses adequadas para cada refeição e varie o mais possível, alternando ao longo das refeições! Estará, não só a estimular o interesse por este prato, como permitirá de igual modo, uma maior rotação de nutrientes e condicionará a compra de legumes em menor quantidade, e com uma regularidade vantajosa. Estará assim a garantir que a sopa ao ser confeccionada com ingredientes mais frescos obtém o máximo partido do seu teor nutricional, que a congelação não corrompe. O pequeno organismo agradece!

IDEIA 4: a sopa deve ser oferecida sempre no início das refeições. Além de ser um alimento nutricionalmente muito vantajoso, a sopa possui também a estratégica capacidade de desviar da dieta outros alimentos menos interessantes, por exemplo, ricos em gordura. Mas, para isso, tenha sempre o cuidado de iniciar a refeição com a sua apresentação o que, aliado à sua temperatura média, contribuirá para uma digestão mais fácil...

IDEIA 5:
a sopa deve ser um alimento engraçado. Use e abuse da sopa, e da rotatividade que deve caracterizá-la! Promova o interesse da criança, adequando a confecção assídua deste alimento à necessidade de inovar na sua apresentação. Ideias não devem faltar no momento da confecção: massinhas, ervas aromáticas, fruta, pequenas almôndegas, etc. Tudo é permitido desde que incorporado com parcimónia e nunca mascarando o sabor principal!

IDEIA 6:
a sopa deve representar um ritual, nunca uma obrigação. E, neste aspecto, Pais e Educadores possuem o papel principal, promovendo o exemplo que devem oferecer com o seu consumo diário. De uma forma contínua, subtil, e agradável… para todos! Certos que deseja rapidamente salvar a reputação da sopa, deixamos--lhe aqui duas deliciosas sugestões para colocar em prática.

Receitas
Sopa aromática de castanhas
(a partir de 1 ano)

Excelente para tirar o máximo partido das castanhas, surpreenda todos com esta sopa cremosa, vincada pela erva aromática que escolher…

Tempo de Preparação: 30 minutos
Grau de dificuldade: Fácil
Custo: Baixo

Ingredientes para 4 doses:
12 castanhas cozidas, sem casca e pele; 3 batatas médias; 1 cebola média; 2 hastes de uma erva aromática fresca (salsa, coentros, funcho, manjerona);  1 colher (chá) azeite por prato.
1 – Leve uma panela ao lume, com pouca água, e deixe ferver. Adicione uma pitada de sal, se já fizer parte da dieta infantil.
2 – Entretanto descasque as batatas e a cebola. Lave bem e corte em pedaços regulares. Introduza na água a ferver e deixe cozer, em lume brando, tapado, cerca de 15 minutos ou até que
a batata esteja tenra.
3 – Junte então as castanhas e a erva aromática escolhida. Deixe cozinhar mais cinco minutos.
4 – Junte o azeite correspondente à quantidade confeccionada, passe com a varinha mágica e ajuste a textura, adicionando se necessário, um pouco mais de água.

Sopa de nabo com massinhas
(a partir 10 meses)

Para quebrar a rotina, confeccione esta sopa, lembrando-se sempre de comprar legumes da época e em pequena quantidade. E, claro está, realizar alguma decoração, desta vez com pequenas massinhas que ajudam a criança a interiorizar novas texturas…

Tempo de Preparação: 30 minutos
Grau de dificuldade: Fácil
Custo: Baixo

Ingredientes para 4 doses:
3 batatas; 1 nabo pequeno; 1 cenoura; 1 colher (chá) azeite por prato; 2 colheres (sopa) de massinhas cuscuz.
1 – Leve uma panela ao lume, com pouca água, e deixe ferver. Adicione uma pitada de sal, se já fizer parte da dieta infantil.
2 – Entretanto descasque as batatas, o nabo e a cenoura. Lave bem e corte em pedaços regulares. Introduza na água a ferver e deixe cozer, em lume brando, tapado, cerca de 20 minutos
ou até que os legumes estejam tenros.
3 – À parte coza as massinhas, num pouco de água, porque se pretende adicionar no final e não sobrecarregar a cozedura dos legumes. Deixe cozer 10 minutos.
4 – Junte o azeite correspondente à quantidade confeccionada, passe com a varinha mágica e ajuste a textura, adicionando se necessário, um pouco mais de água. Acrescente as massinhas, mexa e sirva.

Nota:
todos os ingredientes citados deverão ser previamente autorizados pelo médico assistente antes da sua introdução na dieta infantil.

 

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Terça-feira, 22.02.11

Varicela

 

Por Palmira Simões

Causada por um vírus, é comum sobretudo no Inverno e na Primavera. Só aparece uma vez na vida

Normalmente uma doença benigna, pode no entanto dar origem a algumas complicações, nomeadamente se as borbulhas forem coçadas e infectarem, infecção ocular, encefalite, entre outras. Já há uma vacina preventiva mas ainda não está incluída no Plano Nacional de Vacinação. A transmissão faz-se por via aérea, espirros ou tosse ou pelo contacto directo com a pele infectada e o período de incubação pode chegar aos 21 dias.

O que é
O vírus varicela-zóster é muito contagioso e provoca febre ligeira e o aparecimento de manchas na pele de todo o corpo, incluindo na cabeça (relativamente fáceis de identificar, já que formam vesículas com líquido) e por vezes nas mucosas, que causam prurido intenso (comichão). Estas, no decorrer da doença vão secando e formando crosta. Regra geral aparece na infância mas também ataca adultos caso não tenham sido afectados em criança.

Quando consultar o médico
Se suspeita que o seu filho tem varicela a primeira coisa a fazer é não o levar à creche ou jardim-de-infância e consultar um médico que confirme a doença ou diagnostique outra enfermidade. Em bebés com menos de três meses o melhor é dirigir-se a uma urgência hospitalar; a mesma medida deve ser adoptada se vir que a criança piora o seu estado geral, ficando “murcha”, sonolenta,  muito irritável e se a febre reaparecer já depois de ter desaparecido há alguns dias.

Como tratar
A varicela não exige tratamento específico, a menos que se complique. Para além do medicamento para controlo da febre, o médico prescreve por norma um anti-histamínico oral para aliviar os sintomas do prurido e eventualmente uma loção tópica (para aplicar localmente) com os mesmos efeitos.

Alguns conselhos
- Evite que a criança se coce: corte-lhe as unhas, se as tem compridas.
- Controle a temperatura, se a tiver, mas nunca com ácido acetilsalicílico (vulgar aspirina), optando por paracetamol.
- Dê-lhe banho todos os dias com um produto suave, o que ajuda a evitar que as lesões infectem.
- Evite locais ou roupa muito quente, que fazem aumentar a comichão.
- O regresso à instituição escolar só deve acontecer depois de todas as vesículas terem desaparecido, restando apenas a crosta (geralmente entre sete a dez dias depois do início da doença). Isto significa que já não há perigo de contágio.

TEXTO: Palmira Simões

Na escola

Educadores e professores devem igualmente estar atentos à doença e podem ajudar logo no início, aquando do aparecimento das primeiras borbulhas, alertando os pais para as mesmas.
É que nos primeiros dias podem parecer manchas provocadas por uma picadela de insecto ou uma qualquer alergia e só depois evoluem e começam a multiplicar-se. Mas entretanto o contágio está a decorrer. Devem também avisar os outros pais de que há casos de varicela na escola, de modo a que estes fiquem de sobreaviso.

 

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Terça-feira, 15.02.11

Infestações por piolhos

 

 Por Cristina Rio, Pediatra

Continuam a propagar-se nas crianças nomeadamente naquelas que estão em idade escolar, com maior incidência dos três aos doze anos. Atingem todos os estratos sociais.

São parasitas hematófagos (alimentam-se do sangue humano) com seis patas, que na sua idade adulta atingem 2 a 3 mm de comprimento. Vivem sobre o couro cabeludo dos humanos, local onde beneficiam do calor e humidade. Reproduzem-se por ovos, dando origem às lêndeas. Os ovos libertam ninfas que darão de novo lugar aos piolhos. Se não houver tratamento estes ciclos podem repetir-se cada três semanas. Os piolhos podem sobreviver até três dias fora do hospedeiro humano. Os ovos não sobrevivem a temperaturas inferiores às existentes no couro cabeludo. Podem dar origem a impétigo e a adenopatias locais (aumento do volume dos gânglios).

A infestação.
Pode ser assintomática. Propagam-se sobretudo através do contacto directo entre o couro cabeludo. Os animais não são vectores de piolhos de cabeça humanos. Não se podem excluir os objectos pessoais de crianças infestadas, nomeadamente escovas ou chapéus.
Diagnóstico. É preciso encontrar um piolho para o risco diagnóstico definitivo de infestação. A presença de lêndeas é indicativa de uma infestação passada que pode ou não reactivar. Um pente fino é muito mais eficaz e rápido do que o exame visual directo para conseguir eliminar os piolhos vivos.

Tratamento.
Passa pelos insecticidas tópicos e passagem de pentes finos nos cabelos molhados. Atenção aos insecticidas tópicos que podem não ser 100 por cento ovicidas e daí a razão de um segundo tratamento. Deve-se aplicar o produto a fim de saturar o couro cabeludo e deixar repousar durante 15 minutos. Lavar com água fria com a cabeça no lavatório, a fim de reduzir a exposição corporal ao mínimo. Repetir ao fim de uma semana. Há quem preconize agentes orais como antibióticos (sulfametoxazol/trimetroprim) como tratamento coadjuvante.

Convém saber
– As infestações por piolhos são frequentes em idade escolar mas não se associam a doenças graves
– Podem ser assintomáticas por várias semanas
- O diagnóstico obriga a ter piolho vivo
– O tratamento com insecticida tópico aprovado e bem aplicado (duas aplicações com uma semana de intervalo) é recomendado em caso de infestação activa.
– Os contactos com os couros cabeludos em risco devem ser examinados e tratados
Têm sido referidas algumas resistências. A falência do tratamento não significa resistência. Pode representar sub-diagnóstico, sub-identificação e tratamento não adequado. n

Intervenção ambiental

- É prudente tratar os membros da família que partilham a cama com a pessoa infestada mesmo sem ter piolho vivo.
- Lavar e limpar a cama e ter atenção aos objectos relacionados com o cabelo do visado.
- Roupa, incluindo chapeús, móveis ou carpetes que estiveram em contacto com a cabeça da pessoa nas 24 a 48 horas antes do tratamento devem ser objecto de medidas de limpeza. Os assentos dos carros devem ser aspirados.
- O que não é passível de lavar deve estar encerrado num saco plástico durante duas semanas.

Medidas de controlo escolar

– Seria prudente providenciar informação às famílias de todas as crianças sobre o diagnóstico, tratamento e prevenção dos piolhos da cabeça.
– Seria positivo que pessoal da comunidade educativa ou enfermagem escolar realizasse o rastreio na presença de sintomas.

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Terça-feira, 08.02.11

Conhecer melhor as VACINAS

 

 

Por Manuel Carmo Gomes, professor associado do Departamento de Biologia Vegetal,
da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Membro da Comissão Técnica de Vacinação



Uma vacina é uma substância derivada, ou quimicamente semelhante, a um agente infeccioso particular, causador de doença

Essa substância é reconhecida pelo sistema imunitário da pessoa vacinada e suscita da parte desta uma resposta que a protege de uma doença associada ao agente. A vacina, portanto, induz o sistema imunitário a reagir como se tivesse realmente sido infectado pelo agente. A primeira resposta do sistema imunitário, quer a uma vacina, quer ao agente infeccioso, é em geral lenta e inespecífica.

Porém, o facto de o agente não existir na vacina com capacidade para se multiplicar rapidamente e causar doença, dá ao sistema imunitário tempo para preparar uma resposta específica e memorizá-la. No futuro, caso o vacinado seja realmente infectado, o sistema imunitário responderá com rapidez e eficácia suficiente para o proteger. Apesar desta descrição ser válida, em termos gerais, a reacção individual a uma vacina depende dos antecedentes de estimulação do sistema imunitário da pessoa vacinada, da genética subjacente às características do sistema imunitário, e do seu estado geral de saúde.

Como se classificam
Consideram-se em geral três grandes tipos de vacinas:

1. Inactivadas ou inertes

- Inteiras: o agente bacteriano ou viral é inactivado e fica incapaz de se multiplicar, mas mantém todas as suas componentes e preserva a capacidade de estimular o sistema imunitário. Exemplos: VIP (polio), Pw (pertussis whole cell).
- Fracções ou subunidades do agente infeccioso: podem ser partículas virais fraccionadas, toxinas naturais cuja actividade foi anulada, antigénios capsulares de bactérias ou de vírus, ou antigénios membranares de bactérias.Exemplo: DTPa (difteria, tétano, pertussis acelular).

Estas vacinas têm a vantagem de serem muito seguras, não havendo possibilidade de originar a doença contra a qual protegem. Têm a desvantagem de, em geral, requererem a toma de 3 a 5 doses para induzir uma resposta imunitária adequada e, mais tarde, esta resposta tem de ser estimulada através de reforços da vacina.

2. “Vivas” atenuadas
O agente patogénico, obtido a partir de um indivíduo infectado, é enfraquecido por meio de passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável. Oresultado destas passagens é um agente que, quando inoculado numa pessoa, multiplica-se sem causar doença, mas estimulando o sistema imunológico. Normalmente estas vacinas são eficazes apenas com uma dose (excepto as orais). Exemplos: VAP (polio); VAS, VAR, VASPR (sarampo, papeira , rubéola), BCG (tuberculose). Estas vacinas têm a vantagem de estar próximas do agente natural e de serem relativamente fáceis de produzir.

3. Por recombinação genética
São produzidas através de técnicas modernas de biologia molecular e engenharia genética.
Os progressos no fabrico de vacinas e a necessidade de simplificar os programas de vacinação têm conduzido à combinação de vacinas contra agentes diferentes. Isto se se comprovar que a resposta imunitária e a tolerância à combinação é pelo menos tão boa como às vacinas isoladas. Estas vacinas dizem-se combinadas ou polivalentes e são designadas em função do número de componentes. Por exemplo, a DTP é trivalente, a DTP-Hib é tetravalente e a DTP-Hib-VIP é pentavalente.

Segurança e eficácia
De um modo geral, as vacinas produzidas nos países desenvolvidos são cada vez mais seguras. Oseu fabrico respeita normas internacionais que dão garantia de segurança e boa tolerância.
A capacidade protectora das vacinas é objecto de estudo antes destas serem colocadas no mercado, sendo experimentada num grupo de animais não-humanos susceptíveis ao agente infeccioso e o seu efeito protector é estudado, por comparação com um grupo de animais não vacinados, quando os dois grupos são expostos ao agente. Este tipo de estudos permite averiguar a dose mínima capaz de induzir protecção e de normalizar a composição da vacina.

Numa fase mais avançada, esta é também experimentada em voluntários humanos. Investiga-se a resposta imune (anticorpos produzidos e sua titulação) e as variações individuais na resposta à vacina. Aeficácia de uma vacina depende desta ser correctamente transportada, armazenada e administrada. Por exemplo, devem ser respeitados os prazos de validade e as vacinas devem ser transportadas e armazenadas em geral entre 0 e 8ºC. Devem também ser protegidas da luz solar. Por uma questão de precaução, os frigoríficos ou arcas usados para armazenamento devem estar munidos de termómetro e circuito eléctrico alternativo ao circuito principal.

Porquê vacinar as crianças?
As vacinas protegem-nas contra muitas doenças que se apanham por contágio e que podem ter graves consequências para a sua saúde. Muitas crianças em Portugal ainda apanham doenças como a hepatite, a papeira ou a tosse convulsa. Hoje em dia, temos uma certa tendência para considerar que as doenças infantis não são muito graves, graças ao impacto da vacinação sobre as mesmas. Mas as doenças infantis podem matar ou deixar sequelas muito graves. Doenças como a difteria, a tuberculose ou mesmo o sarampo, podem matar. Antes da vacina, centenas de crianças ficavam paralíticas devido à poliomielite. Sem vacinação na idade apropriada, elas podem desnecessariamente apanhar uma destas doenças.
 
Isto não se aplica só às crianças, mas elas são em geral as principais vítimas de não se vacinar, dado que as suas defesas imunológicas estão em geral menos desenvolvidas que as dos adultos.
Se não as vacinássemos talvez até nem acontecesse nada, caso não fossem expostos às doenças. Mas o problema é que isso não acontece e a maior parte das doenças transmissíveis passam facilmente de pessoa para pessoa, por exemplo, pela respiração.

As mais necessárias
Algumas vacinas são uma combinação de vários componentes e protegem contra mais do que uma doença. As vacinas de que as crianças mais precisam são as seguintes:
VASPR – Protege contra o Sarampo, a Parotidite (= papeira) e a Rubéola. Entre os 15 e os 18 meses e os 10 e os 13 anos de idade.VAP (oral) ou VIP (injectável) – Protege contra a Poliomielite. Aos 2, 4 e 6 meses e aos 5/6 anos.DTP-Hib – Vacina contra a Difteria, Tétano, Pertussis (= tosse convulsa) e o Haemophilus influenza (bactéria causadora de meningites). Nas crianças mais velhas é dada apenas a DT (retira-se a componente Pertussis e a Hib) ou a Td (Tétano com dose reduzida de difteria). Aos 2, 4 e 6 meses, entre os 15-18 meses, 5/6 anos e entre os 10-13 anos.
HBV – Protege contra a Hepatite B, uma grave doença do fígado. À nascença, 2 e 6 meses. BCG – Protege contra a tuberculose, em particular as formas mais graves desta doença. À nascença.
Men-C - Protege contra o meningococo (Neisseria meningitidis) do grupo C, pois ao todo existem 13 grupos causadores de doença. Por esta e outras razões não existe uma vacina contra todas as formas de meningite. Entre os 15-18 meses e aos 3 e 5 anos de idade.

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Terça-feira, 01.02.11

Cuidados da higiene oral na primeira infância

 

 

Por Helga Leite, Especialista em Odontopediatria (Policlínica S. Pedro da Malveira)

A cárie é a doença com maior prevalência nas crianças em idade pré-escolar. A prevenção desta doença deve fazer-se com a sensibilização dos pais e educadores e implementação de hábitos de higiene oral nos bebés

A limpeza da boca do bebé deve ter início antes da erupção dos dentes de leite e deve incluir a lavagem de toda a mucosa jugal (parte interior das bochechas), gengivas e língua. A partir do segundo mês e até à erupção dos primeiros dentes, a boca do bebé deverá ser lavada pelo menos uma vez por dia, prefe-rencialmente após a última mamada. A hora do banho também pode ser uma boa opção.

A introdução precoce do hábito de higiene oral visa a adaptação do bebé à manipulação da boca e a criação de uma rotina, que quando adequadamente executada tenderá a perpetuar-se como um hábito e dificilmente será modificado.

Antes da erupção dos primeiros dentes, a higiene oral do bebé pode ser feita com uma compressa ou uma porção pequena de uma fralda enrolada no dedo indicador e embebidas em soro fisiológico ou água previamente fervida.

Alguns estudos demonstram que a dedeira é indicada na massagem das gengivas mas ineficaz na remoção do biofilme bacteriano. Se o seu bebé chorar nas primeiras tentativas não demonstre insegurança e não desista! Muitos bebés choram durante o banho e os pais não deixam de insistir no banho diário…

Por volta do sexto mês começam a romper os primeiros dentes e geralmente inicia-se a introdução de alimentos sólidos na dieta do bebé. Sugere-se que nesta fase a higiene oral seja feita, no mínimo, em dois momentos: após o almoço do bebé e antes dele dormir à noite.

O momento de higiene mais importante é o que procede a última mamada ou refeição, uma vez que a produção de saliva decresce bastante durante o sono, aumentando o risco de lesão dos dentes por cárie.

Com a erupção dos molares de leite os cuidados de higiene oral sofrem algumas alterações e devem ser redobrados. A partir deste momento o risco de transmissão de cárie (transmissão de bactérias cariogénicas) aumenta, daí que se façam algumas recomendações:

1) Higiene oral com escova e pasta dentífrica sem flúor (ou 250 ppm) e em pequena quantidade (o equivalente a passar a escova na tampa).

2) Com todos os molares de leite erupcionados dever-se-á iniciar o uso de fio dentário ou porta-fios para eliminar a placa bacteriana dos espaços interproximais (entre os dentes); em espaços maiores poder-se-á melhorar a higiene com recurso a escovilhões.

3) Escovar a língua.

4) Para evitar a transmissão da cárie, não deve partilhar os talheres com o bebé nem arrefecer a comida do bebé com o sopro.

5) Se ainda não consultou o odontopediatra, deverá iniciar programa de prevenção.  

Os cuidados de higiene oral passam assim a ser mais importantes, numa idade geralmente coincidente com a entrada da maior parte das crianças no jardim-de-infância. Nesta fase é imprescindível a realização de uma escovagem eficiente, pelo menos nos dois momentos mais importantes do dia: após o almoço e antes de dormir.

Idealmente, todos os jardins-de-infância deveriam oferecer condições para que todas as crianças fossem correctamente acompanhadas no momento da higiene oral. Neste âmbito, devem ser feitos esforços no sentido de formar não só os pais mas também os educadores para que as nossas crianças sejam devidamente acompanhadas e se tornem adultos sem cáries!

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